Revitalização de rios em centros urbanos

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O que você vai ver nesse post:

A revitalização de rios urbanos é possível com parcerias e ação coletiva. Conheça alguns projetos bem-sucedidos nessa área.

À medida que as cidades crescem, os preciosos recursos naturais frequentemente são relegados a um segundo plano e, em alguns casos, até mesmo poluídos e esquecidos. Com a preocupação crescente em relação aos impactos ambientais das atividades humanas, a revitalização de rios em centros urbanos surgiu como uma solução para promover a sustentabilidade. 

A seguir, você entenderá mais sobre esse processo a partir dos seguintes tópicos:

  • os benefícios da revitalização de rios urbanos;
  • os desafios envolvidos nesse tipo de projeto;
  • os passos essenciais para a revitalização;
  • exemplos de projetos bem sucedidos.

Benefícios da revitalização de rios urbanos

A revitalização de rios em centros urbanos oferece uma série de vantagens significativas para as cidades e seus habitantes. 

Ecossistemas equilibrados

A recuperação de corpos d’água proporciona um ambiente mais saudável para a fauna e a flora, contribuindo para a preservação de ecossistemas equilibrados. Neste ponto, o tratamento de efluentes é essencial, pois reduz a poluição e a carga de contaminantes despejados nos rios.

Aumento na qualidade de vida

A presença de água limpa e corrente nas áreas urbanas abre a possibilidade de oferecer espaços de lazer e prática de atividades físicas. Além disso, a revitalização de rios também pode ser uma oportunidade para envolver a comunidade local no processo, promovendo a educação ambiental.

Desafios da revitalização de rios urbanos

Embora os benefícios sejam claros, a revitalização de rios urbanos também enfrenta uma série de desafios complexos. Muitos desses corpos d’água estão contaminados por conta do lançamento ilegal de efluentes, exigindo a implementação de sistemas avançados de tratamento:

  • tratamentos físico-químicos, que envolvem processos como filtração mecânica, sedimentação e coagulação/floculação para remover sólidos em suspensão, partículas finas e compostos orgânicos dissolvidos da água.
  • tratamentos biológicos, que utilizam microorganismos para decompor resíduos orgânicos da água em lagoas de estabilização e reatores aeróbios e anaeróbios.

Essas abordagens podem ser adaptadas às necessidades específicas de cada rio, considerando a extensão da poluição, o nível de tratamento necessário e as características do ecossistema aquático.

Como revitalizar um rio urbano?

A revitalização de rios urbanos requer uma abordagem integrada e colaborativa que envolve os seguintes passos:

Mapeamento e diagnóstico

Realizar um estudo detalhado sobre o estado atual do rio, identificando pontos críticos de poluição, áreas de erosão e possíveis fontes de contaminação. A Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) fornece uma base sólida para avaliar a qualidade da água dos rios, dividindo-os em categorias:

  • classe especial: corresponde a corpos d’água com qualidade excepcionalmente boa e preservada, destinados ao abastecimento para consumo humano, após tratamento mínimo de desinfecção, sem causar danos à saúde;
  • classe 1: podem ter uma pequena quantidade de poluentes permitida, mas são adequadas para atividades de recreação e podem ser utilizadas como fonte de abastecimento público sem tratamento avançado;
  • classe 2: são adequadas para o consumo humano após tratamento avançado e podem ser usadas para atividades de recreação de contato secundário, como navegação;
  • classe 3: possuem qualidade média e são recomendadas para atividades de recreação de contato secundário, mas não para contato primário (natação);
  • classe 4: é caracterizada por águas com qualidade ruim, inadequadas para consumo humano, mas utilizáveis para fins agrícolas e industriais após tratamento específico.

Com a classificação, é possível estabelecer metas claras para a revitalização. Por exemplo, se um rio está classificado como “classe 3”, é necessário trabalhar para elevá-lo à “classe 2” ou superior. 

Engajamento comunitário

O engajamento comunitário é uma peça-chave para o sucesso da revitalização de rios. Para promovê-la, é importante estabelecer um diálogo aberto e transparente com a comunidade desde o início do projeto, por meio de reuniões, fóruns ou audiências públicas para compartilhar informações sobre o plano de revitalização.

Dessa forma, o processo se torna mais eficaz em termos de resultados e ainda contribui para a construção de uma conexão significativa entre os moradores e o meio ambiente, gerando um senso de orgulho e pertencimento em relação ao rio revitalizado.

Parcerias e financiamento

Para viabilizar a revitalização de rios, é importante identificar empresas, organizações governamentais, ONGs, instituições acadêmicas e outras entidades que tenham interesse nesse tipo de projeto. Por meio de parcerias colaborativas, essas entidades aplicam recursos, conhecimentos e experiências.

Além disso, deve haver um sistema de monitoramento para acompanhar a qualidade da água, o ecossistema e a satisfação da comunidade, garantindo a manutenção ao longo do tempo. 

Exemplos de projetos de recuperação de rios urbanos

O Rio Tâmisa, na Inglaterra, passou por duas tentativas de revitalização. A primeira, por volta de 1860, não surtiu efeito e foi retomada somente na década de 1960, quando foram construídas duas estações de tratamento de esgoto. Foi em 1960 também que os franceses começaram a investir na recuperação do Rio Sena.

Esses dois exemplos demandam atenção até hoje. Já o Rio Cheonggyecheon, na Coreia do Sul, levou apenas quatro anos para estar totalmente limpo de efluentes industriais. Anteriormente, a área era ocupada por uma rodovia elevada congestionada e poluída, que foi demolida como parte do processo de restauração.

No Brasil, um dos melhores exemplos de revitalização é o do Rio Jundiaí, localizado no estado de São Paulo. Ele foi o primeiro do país a ser despoluído e reclassificado, passando de classe 4 para classe 3. Agora, mais saudável, o local voltou a ter peixes e até recebe a visita de garças e outros pássaros.

Para alcançar esse feito, foram necessários mais de 30 anos de planejamento, estudos e investimentos. O processo de limpeza foi iniciado em 1984, com a criação do Comitê de Estudos e Recuperação do Rio Jundiaí, o CERJU, que era responsável pela arrecadação do dinheiro que seria investido no tratamento dos esgotos.

A reclassificação do rio também afetou as indústrias da região, que precisaram reajustar as etapas do tratamento antes do despejo de acordo com as normas do CONAMA.

Para entender melhor as exigências legais do setor, confira nosso artigo sobre os parâmetros e métodos essenciais para tratamento, transporte e descarte de efluentes líquidos.

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Douglas Castro

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